BURACO NEGRO
Buraco Negro é uma
"coisa"
que de negro tem tudo,
mas de buraco não tem nada.
que de negro tem tudo,
mas de buraco não tem nada.
Prof. Renato Las Casas (13/12/99)
Buraco Negro é uma região
do espaço onde o campo gravitacional é tão forte que nada sai dessa região,
nem a luz; daí vermos negro naquela região. Matéria (massa) é que "produz"
campo gravitacional a sua volta. Um campo gravitacional forte o suficiente
para impedir que a luz escape pode ser produzido, teoricamente, por grandes
quantidades de matéria ou matéria em altíssimas densidades.
Velocidade de Escape
Se atirarmos uma pedra
para cima ela "sobe" e depois "desce", certo?
Errado!
Se atirarmos um corpo
qualquer para cima com uma velocidade "muito" grande, esse corpo "sobe" e se
livra do campo gravitacional da Terra, não mais "retornando" ao nosso
planeta.
A velocidade mínima para
isso acontecer é chamada de velocidade de escape. A velocidade de escape na
superfície da Terra é 40.320 Km/h. Na superfície da Lua, onde a gravidade é
mais fraca, é 8.568 Km/h, e na superfície gasosa do gigantesco Júpiter é
214.200 Km/h.
A velocidade da luz é
aproximadamente 1.080.000.000 Km/h. Um buraco negro é um corpo que produz um
campo gravitacional forte o suficiente para ter velocidade de escape
superior à velocidade da luz.
A massa do Sol (0,2 X
10³¹Kg) é 333 mil vezes a massa da Terra e seu diâmetro (1,4 milhões de
quilômetros) é mais de 100 vezes o diâmetro da Terra. Ele se transformaria
em um buraco negro caso se contraísse a um diâmetro menor que 6 Km.
Detecção
Uma vez que nada sai de
um buraco negro, nada de um buraco negro chega até nós. Resta-nos então
observá-lo indiretamente, através de sua ação sobre sua vizinhança. "Vemos"
um buraco negro observando "coisas" que o rodeiam sob a ação do seu campo
gravitacional ou então que "caem" em sua direção, também sob a ação desse
mesmo campo gravitacional.
A velocidade com que a
matéria, a uma determinada distância de um corpo, o orbita, é proporcional à
gravidade desse corpo. Mesmo sem vermos o corpo central podemos saber qual a
sua massa se virmos e medirmos a velocidade de nuvens de gás e poeira que o
orbitam, por exemplo.
Uma outra situação: se
sob a ação da gravidade do corpo central, matéria "cai" em direção a ele,
esse material enquanto vai "caindo" vai se comprimindo; por se comprimir vai
se esquentando, e quanto mais quente fica, mais irradia... Também nesse
caso, se medimos essa radiação, obtemos informações sobre o corpo central.
Buracos Negros Super
Massivos
Em 1994, astrônomos que
trabalhavam com o Telescópio Espacial Hubble, não apenas obtiveram fortes
indícios da presença de um buraco negro no centro de uma galáxia espiral,
como também mediram a sua massa. Através de um efeito bem conhecido da
física (Efeito Doppler) foi possível medir a velocidade de gás e poeira
girando em torno do centro da galáxia M87.
Pelo desvio das linhas
espectrais da radiação emitida por esse material, chegou-se à conclusão que
ele gira em torno do núcleo de M87 com uma velocidade muito grande. Para
manter esse material com uma velocidade tão grande é preciso uma massa
central também muito grande. Uma quantidade tão grande de massa no volume
interno à órbita do material que o circula só pode ser um buraco negro. A
massa deste buraco negro foi estimada em 3 bilhões de massas solares.
Posteriormente foram
obtidos indícios de outros buracos negros no centro de outras galáxias. A
tabela abaixo nos apresenta 17 galáxias que atualmente suspeitamos
possuírem buracos negros supermassivos em seus centros. Também é
apresentada a massa estimada desses buracos negros.
Nome da Galáxia
|
Massa do Buraco Negro (Sol=1)
|
IE1740.9-2942
|
100 centenas
|
SgrA*
|
2 milhões
|
Messier 32
|
3 milhões
|
Centaurus A
|
< 14 milhões
|
Messier 31
|
30 milhões
|
Messier 106
|
40 milhões
|
NGC 3379
|
50 milhões
|
NGC 3377
|
100 milhões
|
Messier 84
|
300 milhões
|
NGC 4486B
|
500 milhões
|
NGC 4594
|
1 bilhão
|
NGC 4261
|
1 bilhão
|
NGC 3115
|
2 bilhões
|
Messier 87
|
3 bilhões
|
Cygnus-A
|
5 bilhões
|
NGC 4151
|
Não Conhecido
|
Messier 51
|
Não Conhecido
|
Hoje acreditamos ser
possível que toda grande galáxia tenha um buraco negro, de massa equivalente a
milhões ou bilhões de estrelas, em seu centro. Esses buracos negros podem ter
se formado no universo primitivo, a partir de gigantescas nuvens de gás ou
então depois das galáxias já formadas, a partir do "colapso" de imensos
aglomerados estelares.
Buracos Negros Estelares
Antes da fantástica
descoberta acima descrita a procura por buracos negros no universo se
concentrava principalmente na possível detecção de objetos muito compactos com
massa algumas poucas vezes maior que a massa do Sol e que estariam espalhados
nas galáxias.
Desde 1939 acreditamos
que, em seu processo evolutivo, uma estrela de massa maior que 3,2 vezes a
massa do Sol, quando acaba o seu combustível, pode "desabar sob seu próprio
peso". Essa estrela pode se contrair tanto que dê origem a um campo
gravitacional forte o suficiente para impedir que a luz escape de suas
proximidades. Um buraco negro!
Se um buraco negro
desses estiver envolto por uma nuvem de gás e poeira ou se tiver uma estrela
por companheira, pode ser que tenhamos matéria dessa nuvem ou dessa estrela
"caindo" no buraco negro e então irradiando (principalmente na
freqüência de
raio X). Um número considerável de estrelas da nossa galáxia forma sistemas
duplos. É possível então que tenhamos vários buracos negros cabíveis de serem
detectados através dessa radiação.
Cygnus X-1 é uma "fonte
de raios X", companheira de uma estrela de massa aproximadamente 30 vezes a do
Sol (HDE 226868) e é um dos mais fortes candidatos a buraco negro conhecido.
A tabela abaixo nos
apresenta 8 estrelas que acreditamos possam ser companheiras de buracos
negros. Também é apresentada a massa estimada desses buracos negros.
|
Nome da Estrela
|
Massa do Buraco Negro (Sol=1)
|
A0620-00
|
3 - 4
|
Cygnus X-1 (HDE 226868)
|
4 - 8
|
Sco X-1
|
3 - 10
|
GS2000+25
|
3 - 10
|
GX339-4
|
3 - 10
|
V 404 Cygni
|
8 - 12
|
Nova Muscae 1991
|
3 - 10
|
Nova Ophiuchi 1977
|
6 - 7
|
Uma Nova Classe de Buracos Negros
Em abril passado
astrônomos da NASA e da Carnegie Mellon University comunicaram haver obtido,
separadamente, evidências da existência de buracos negros de massas variando
entre 100 e 10.000 massas solares, nos centros de algumas galáxias.
Os astrônomos da NASA
obtiveram tal evidência estudando raios X emitidos por 39 galáxias próximas
à nossa. NGC 4945, uma galáxia espiral muito parecida com a Via Láctea
(nossa galáxia), é uma dessas. Os astrônomos da Carnegie Mellon University
chegaram à mesma evidência estudando raios X provenientes de M82.
Têm sido elaboradas
teorias procurando entender a origem desses buracos negros "meio pesados".
Mini Buracos Negros?
Vale a pena lembrar que muitos astrônomos e físicos
acreditam na existência de mini buracos negros que teriam sua origem nos
primórdios do universo.
Alguns procuram explicar a explosão que ocorreu sobre o rio
Tunguska na Sibéria em 1908 e destruiu mais de 2.150 quilômetros quadrados
de densa floresta, à colisão de um desses mini buracos negros com a Terra.
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