Para entendermos esse interessante fenômeno que pode ser confundido como um UFO (OVNI), primeiro teremos que pincelar alguns conceitos interessantes.
Então vamos começar a jornada para compreender o Fogo-de-Santelmo!
Imagine um material condutor que está eletricamente carregado. Um cabo de alta tensão, por exemplo. O ar em volta desse condutor pode ficar eletricamente carregado também, tornando-se ionizado. No entanto, não há ionização suficiente para termos um arco-elétrico (curto-circuito). O que teremos será uma luminescência em volta desse condutor, facilmente observável quando está escuro.
Com a ionização do ar em volta do condutor e a consequente descarga de corona, essa pequena quantidade de ar ionizada deixará de ser considerada “gás” e passará para outro estado da matéria, chamado de plasma e que tem propriedades físico-químicas distintas.
Em redes de alta-tensão, há maneiras de se reduzir a descarga de corona, com meios isolantes ou outras técnicas para conter o campo elétrico. A descarga de corona pode reduzir a vida útil dos equipamentos que compõe a rede elétrica de alta tensão, por isso o fenômeno deve ser minimizado.
Eletricidade na atmosfera
O ar atmosférico pode ficar ionizado durante a ocorrência de tempestades, quando podemos ter descargas elétricas. Em situações de tempestades, há uma diferença de potencial elétrico entre as nuvens e o solo abaixo. A magnitude desse campo elétrico vai depender do tipo de objetos. Objetos pontudos reduzem a necessidade de uma grande diferença de potencial elétrico, pois campos elétricos normalmente são mais concentrados em áreas com curvatura acentuada. Desse modo, descargas elétricas costumam ser mais intensas nas extremidades de objetos pontudos. Antenas, por exemplo, são fortes candidatas. E observe a figura que abre esse post: mastros de navios também são fortes candidatos. E são exatamente em extremidades assim em que normalmente o fenômeno fogo-de-Santelmo podem ser observados.
O fogo-de-Santelmo
Sendo assim, o fogo-de-Santelmo é um fenômeno meteorológico no qual plasma luminescente é criado pelo efeito de descarga de corona em um objeto pontudo imerso em um campo elétrico relativamente forte na atmosfera, campo elétrico esse que é criado em situações de tempestades ou erupções vulcânicas.
Em situações de erupções vulcânicas, o ar também fica eletricamente carregado, pois a fuligem que sai do vulcão se atrita, gerando cargas elétricas. Alguns gases associados às erupções vulcânicas também ajudam a deixar o ar atmosférico eletricamente carregado.
O fenômeno é caracterizado por um brilho azulado ou violeta que pode parecer com fogo em algumas circunstâncias. Esse “fogo” parece emanar de estruturas pontiagudas, conforme mencionamos anteriormente. Pode aparecer também em folhas e até em chifres de alguns animais. Também pode acompanhar um som como um “buzz”.
É um fenômeno relativamente rápido em termos de duração e difícil de ser registrado. Encontrei nesse site o que parece ser o registro desse fenômeno em uma asa de avião:
Veja nesse vídeo o efeito do fogo-de-santelmo filmado na cabine de um avião comercial.
História e literatura
Na história e literatura, o fogo-de-Santelmo sempre aparece associado a tempestades, por razões óbvias. Ou seja, as pessoas sempre relacionaram os dois fenômenos. Muitas vezes, o fenômeno aparece quando a tempestade já está se dissipando.
No trecho Kuala Lumpur na Malásia e Perth na Austrália, ao sobrevoar o vulcão Galunggung em erupção, a densa nuvem de cinzas provocou pane total dos motores, colocando a aeronave em queda livre.
Ao sair da densa nuvem de cinzas, a tripulação conseguiu religar os motores e voar para o aeroporto de Jakarta, na Indonésia, que era o mais próximo, salvando a aeronave e as vidas de todos a bordo.
Assista neste vídeo o documentário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário