domingo, 14 de maio de 2017

Anomalia Magnética do Atlântico Sul se desloca e cobre todo Brasil

Um novo mapa mostra que a anomalia magnética está centrada sobre São Paulo, se deslocando suavemente em sentido noroeste. Além disso, sua área de atuação está cada vez maior e já cobre todo o Brasil e atinge a costa do continente africano.

Anomalia Magnetica do Atlantico Sul
Intensidade do campo magnético da Terra como registrado pelo satélite europeu SWARM, em 2015. As áreas vermelhas representam locais onde o campo magnético é mais forte, enquanto as áreas azuis retratam diminuição na intensidade
Os dados para elaboração do estudo, publicado recentemente pelo Journal Space Weather Quarterly, foram coletados pelos satélites de orbita polar do programa militar DMSP (Defense Meteorological Satellite Program), que registraram os prótons de alta energia a uma altitude de 800 km.
O que é Anomalia Magnética do Atlântico Sul?
A Anomalia Magnética do Atlântico Sul, AMAS é uma espécie de depressão ou achatamento nas linhas no campo magnético da Terra acima de toda a América do Sul, mas é mais pronunciada no Sudeste e Centro-Oeste Brasileiros.
Sua causa é o desalinhamento entre o centro do campo magnético e o centro geográfico do planeta, deslocados entre si por cerca de 460 km no sentido sul-norte.
Cinturão de Van Allen
A AMAS foi descoberta em 1958 e não é fixa. Seu formato e dimensões sofrem alterações ao longo do tempo, principalmente devido ao deslocamento dos polos magnéticos aliado ao enfraquecimento do campo de modo global.
Devido ao campo magnético ser mais fraco, as partículas vindas do cinturão de Van Allen se aproximam mais da alta atmosfera desta região, o que torna os níveis de radiação cósmica em grandes altitudes mais altos nesta zona.
Embora os efeitos na superfície sejam praticamente desprezíveis, já que a atmosfera bloqueia a radiação, a AMAS afeta fortemente satélites e outras espaçonaves que orbitam algumas centenas de quilômetros de altitude.
Satélites que cruzam periodicamente a AMAS ficam expostos durante vários minutos à intensa dose de radiação e necessitam de proteção especial. A Estação Espacial Internacional, por exemplo, é dotada de um escudo especialmente desenvolvido para bloquear as radiações.

Novo Estudo
O estudo revelou que a AMAS está se deslocando cerca de 0,16 grau ao ano em sentido norte e 0,36 grau no sentido oeste e atualmente é mais intensa acima do Estado de São Paulo, mas inclui grande parte do Paraguai, Uruguai e norte da Argentina.

Mapa da Anomalia Magnetica do Atlantico Sul
Mapa mostra os contornos de atuação da AMAS, atualmente centrada sobre a Região Sudeste do Brasil, notadamente sobre São Paulo.
O estudo também mostrou uma variação sazonal: na média, a AMAS é mais intensa nos meses de fevereiro e entre setembro e outubro. Um desses máximos coincide com o equinócio, mas os outros não e isso não é perfeitamente compreendido pelos autores da pesquisa.
Segundo o paper, o ciclo solar influi no padrão e intensidade da AMAS e revela uma anti-correlação com as manchas solares.
"Durante os anos de alta atividade, sem emissões de matéria coronal, a intensidade da radiação que atinge os satélites é mais baixa que nos períodos de baixa atividade", disse o cientista Bob Schaefer, líder do estudo, ligado ao Johns Hopkins University Applied Physics Lab.

O trabalho de Schaefer vai ao encontro do resultado obtido através da constelação de satélites, que em 2015 revelou que mudanças importantes no campo magnético da Terra estão acontecendo, entre elas uma possível dispersão da AMAS e o possível enfraquecimento sobre o Brasil.

Fonte: Apolo11

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Submarino nos mares de Titã: NASA anuncia incrível projeto!

submarino explorar titã
A missão anunciada pela NASA é a mais audaciosa e fascinante dos últimos tempos!

Quando o assunto é exploração espacial, todos nós ficamos ansiosos pra saber quando acontecerão as novas missões, e o mais importante: pra onde elas irão?!

E pra surpresa de todos, a NASA apresentou um projeto de uma possível futura missão, que além de ousado, é magnífico. Trata-se de um submarino robótico, que teria como objetivo principal a exploração dos grandes lagos e mares de Titã, a enigmática lua de Saturno.

Segundo os cientistas, estudar Titã é como olhar para o passado do nosso próprio planeta, porém, um pouco mais frio. Titã é a única lua do Sistema Solar que possui uma atmosfera significativa, com seu próprio ciclo de metano, assim como a Terra tem o seu próprio ciclo de água. Em Titã, o metano existe em estado líquido, e se mistura em toda a paisagem local, formando rios, lagos, vales e mares.




Vários mares têm sido estudados pela sonda Cassini da NASA, e suas profundidades vão de alguns poucos metros até cerca de 200 metros, que foi a profundidade máxima que um instrumento de radar de Cassini conseguiu detectar até hoje. E se os cientistas desejam explorar Titã, eles precisam realmente encontrar uma maneira de mergulhar em seus mares e lagos, e quem sabe, descobrir seus segredos mais íntimos...

submarino nos mares de titã
Ilustração artística do protótipo de submarino nos mares de Titã.
Créditos: NASA

E pra surpresa de todos, a equipe de pesquisadores COMPASS do Laboratório de Pesquisas Aplicadas da NASA anunciou no Simpósio de Conceitos Avançados NIAC um protótipo de submarino capaz de encarar uma possível missão no maior mar de Titã, o Kracken Mare.

submarino autônomo seria projetado para fazer uma viagem de 90 dias, 2.000 km explorando as profundezas desse vasto e estranho ambiente marinho extraterrestre. Como ele passaria longos períodos sob a superfície do mar de metano, ele seria alimentado por um gerador de radioisótopos, uma fonte que converte o calor radioativo em eletricidade, processo parecido com aqueles feitos pelas sondas Cassini e Curiosity, por exemplo.

Já a comunicação com a Terra seria diferente, pois o submersível robótico não conseguiria fazer contato enquanto submerso, de modo que subidas à superfície seriam necessárias de tempos em tempos, a fim de transmitir dados científicos.




E pra dificultar um pouco mais essa ambiciosa missão, o Kracken Mare não é como um lago calmo. Muito pelo contrário. Ele é conhecido por ter ondas agitadas e até marés, desafios que será acompanhado por temperaturas muito baixas, de cerca de -183°C, mas claro que os engenheiros estão levando tudo isso em conta, e um sistema de propulsão especial terá de ser desenvolvido, e os lastros do submarino deverão ser feitos com nitrogênio.

Até o momento, não se sabe qual seria o foco principal da missão, mas falaram sobre "medição de componentes orgânicos nos mares", o que pode analisar a evolução química e quem sabe, a descoberta de sinais de vida fora da Terra. Um sonar também pode ser utilizado a fim de fazer uma varredura local.

Mais de 10 anos após a sonda européia Huygens pousar em Titã, os planos de voltar ao mundo de Saturno e realizar grandes explorações estão a todo vapor. E o que esse submarino poderia encontrar nos mares de Titã é um grande mistério que, talvez, só poderá ser solucionado em suas profundezas.




Essa ousada e surreal missão deverá encontrar uma região completamente inexplorada, e mares nunca antes navegados, onde as moléculas para a química da vida podem ser encontradas em abundância, como jamais foram encontradas em qualquer outro lugar do Sistema Solar, pelo menos até agora...

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Halo Lunar Céu de Barretos Sp

O nome desse anel luminoso é halo lunar: um fenômeno óptico que acontece quando a luz da Lua passa por minúsculos cristais de gelo suspensos na atmosfera. O resultado é um anel de luz com área até 44 vezes maior que a do satélite terrestre em dias de lua cheia. O fenômeno se dá na troposfera, a cerca de 17 quilômetros de altitude, graças aos cristais de gelo que formam as nuvens do tipo cirrus. 

Quando a luz lunar passa por essa camada de nuvens, rola uma refração, ou seja, ela pode mudar de direção. É isso que forma o halo no céu – algo similar acontece quando mergulhamos um canudo num copo e a imagem acima e abaixo do líquido ficam desencontradas. Já o formato circular do halo é fruto da estrutura hexagonal dos cristais. O arco-íris é outro exemplo de espetáculo visual causado pela interação entre a luz que entra no planeta e elementos da atmosfera – a diferença, nesse caso, é que a fonte de luz é o Sol e o meio de refração são gotículas suspensas. Embora não seja tão colorido, o halo lunar costuma ser usado na meteorologia popular: há quem garanta que um anel em volta da Lua é sinal de chuva.
Foto tirada em Barretos Sp. 14/02/2017 03h30


domingo, 5 de fevereiro de 2017

Novo acelerador de partículas brasileiro deve ficar pronto até 2018



O Brasil está construindo um gigantesco acelerador de partículas, o Sirius, em Campinas (SP), onde fica a sede do Centro Nacional de Pesquisa e Energia de Materiais (Cnpem). Com mais de 500m de diâmetro, a máquina analisa a radiação emitida por luz do tipo síncroton e o projeto é considerado prioritário pelo governo brasileiro.
"Passaremos a integrar um seleto grupo de nações com instrumental para pesquisa de altíssima tecnologia. Quando estiver pronta, será, por um tempo, a melhor máquina deste tipo no mundo", conta Sérgio Marques, um dos engenheiros responsáveis pelo projeto, que falou sobre o Sirius para o público na Campus Party.
Com investimentos estimados em R$ 1,8 bilhão, o prédio deve estar concluído em setembro de 2017, quando começa a instalação do acelerador, um desafio de engenharia sem precedentes no país, segundo Moraes. Com aparelhos de precisão nanométrica, até o deslocamento do solo pelo movimento das marés precisa ser previsto no projeto, instalado no interior de São Paulo.
Para o engenheiro, o projeto já significou um avanço na indústria brasileira, que no começo da construção do Sirius não tinha capacidade de usinar materiais utilizados em equipamentos de alto vácuo -semelhante ao encontrado na Lua. "Não só o projeto já tem como consequência o avanço da indústria brasileira, como o Sirius vai significar avanços na indústria farmacêutica e agrícola".
Ele cita experimentos que descobriram a carência de zinco no cérebro de pessoas que sofriam de esquizofrenia, realizado com um equipamento semelhante nos EUA.
Iniciado em 2014, o projeto prevê que o equipamento comece a funcionar com capacidade reduzida, em caráter experimental ainda em 2018. "Estamos no prazo. Em 2019 já estaremos funcionando com força máxima, abertos aos parceiros que tenham capacidade para operar o Sirius", garante Marques.
Fonte: Folha

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

2016 terá um segundo a mais que o normal


Resultado de imagem para terra relogio
Ao contrário do que o mundo parece desejar, 2016 não tem pressa para acabar. A organização internacional que sincroniza todos os relógios do planeta anunciou que o ano vai durar mais que o normal.
Isso porque o Serviço Internacional de Sistemas de Referência e Rotação da Terra tem a responsabilidade de sincronizar o horário que você vê no relógio (ou, provavelmente, no celular) com o chamado horário astronômico.
Você já deve saber que um dia na Terra tem 24 horas porque esse é o tempo que o nosso planeta leva para dar uma volta em seu próprio eixo. O problema é que essa medida é só uma aproximação – a rotação terrestre não é tão precisa assim e, estimam os astrônomos, está ficando mais lenta.
De tempos em tempos, o Serviço Internacional anuncia que será necessário acrescentar um leap second (ou um “segundo de salto”) para que os nossos relógios superprecisos da Terra voltem a se alinhar com o dia astronômico – o tempo que, na prática, o planeta está levando para terminar sua rotação.
Tecnicamente, a organização poderia fazer isso assim que percebesse que os dois tipos de horário estão desconjuntados. Bastaria fazer o ajuste nos relógios atômicos, que são mantidos por universidades e usam átomos de césio para medir o tempo com extrema precisão. Mas eles deixam essas pequenas disparidades se acumularem até o início ou o meio do ano.
Essa escolha tem a ver com o seu computador – que, apesar de muito inteligente, é metódico ao extremo. Um sistema está acostumado a seguir regras. Um segundo depois das 23:59:59, ele está programado para considerar que um novo dia começa. Quando uma interferência externa pede que ele mostre 23:59:60, o computador pode interpretar isso como um erro no sistema. Para podermos proteger a internet dessa fragilidade, os leap seconds são anunciados com seis meses de antecedência – e assim dá para prevenir algo como um “bug do milênio“.
No Brasil, o segundo extra de 2016 não vai ser exatamente à meia-noite, por causa do fuso horário. No nosso caso, o atraso vai acontecer na virada entre 21h59 e 22h da véspera do Ano Novo. Mas, para quem está na região do “ponto zero” do fuso, a sequência do relógio deve ser a seguinte: 23:59:59, 23:59:60, 00:00:00.
O ano de 2016, inclusive, acumulou mais de um “truque temporal” que visa alinhar o tempo atômico ao astronômico: além do segundo extra na virada, o ano foi bissexto, ou seja, teve um dia extra em fevereiro. Não é apenas impressão sua – o ano das decepções realmente levou mais tempo para acabar que o normal. 
Fonte: http://super.abril.com.br/ciencia/2016-nao-acaba-mesmo-o-ano-tera-um-segundo-a-mais-que-o-normal/

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Planetas em construção

O nosso Sistema Solar formou-se a partir de uma enorme nuvem primordial de gás e poeira. A maior parte dessa nuvem deu origem ao Sol, enquanto que o disco de material restante, em rotação em torno do Sol, coalesceu nos planetas que hoje conhecemos  — e onde vivemos.

Os astrónomos observam processos semelhantes a acontecer em outras estrelas no cosmos. Esta Fotografia da Semana mostra um disco em rotação, material restante que rodeia a estrela jovem HD 163296. Com o auxílio do poder de observação do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), situado no Chile, os astrónomos  conseguiram distinguir estruturas específicas no disco, incluindo anéis concêntricos de material que rodeiam a estrela central. Os investigadores conseguiram ainda usar o ALMA para obter medições de alta resolução do gás e poeira que constituem o disco. Com estes dados puderam inferir detalhes cruciais da história de formação deste sistema estelar jovem.

Os três espaços vazios entre os anéis devem-se muito provavelmente a uma diminuição de poeira e, nos espaços vazios central e exterior, encontrou-se igualmente um menor nível de gás. A diminuição tanto de poeira como de gás sugere a presença de planetas recém formados, cada um com uma massa semelhante à de Saturno, esculpindo estes espaços nas suas novas órbitas.
Crédito:
ESO, ALMA (ESO/NAOJ/NRAO); A. Isella; B. Saxton (NRAO/AUI/NSF)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Evento superluminoso explicado por buraco negro em rotação "engolindo" estrela

Os telescópios do ESO ajudam a reinterpretar uma explosão brilhante

12 de Dezembro de 2016
Foi observado, há cerca de um ano atrás, um ponto de luz extraordinariamente brilhante numa galáxia distante, ao qual se deu o nome ASASSN-15lh, supondo tratar-se da supernova mais brilhante observada até hoje. No entanto, novas observações obtidas em vários observatórios, incluindo o ESO, lançam agora dúvidas relativas a essa classificação. Um grupo de astrônomos propõe que este evento correspondeu a um fenômeno ainda mais extremo e raro — um buraco negro em rotação rápida destruindo uma estrela que se aproximou demais dele.
Em 2015, o rastreio ASAS-SN (All Sky Automated Survey for SuperNovae) detectou um evento, ao qual se deu o nome ASASSN-15lh, que foi registado como sendo a supernova mais brilhante já observada e catalogado por isso como uma supernova superluminosa, isto é, a explosão de uma estrela extremamente massiva que chegou ao final da sua vida. Este evento era duas vezes mais brilhante que a anterior detentora do recorde de supernova mais luminosa, apresentando-se no seu pico máximo de intensidade 20 vezes mais brilhante que a radiação total emitida pela Via Láctea inteira.

Uma equipe internacional de astrônomos, liderada por Giorgos Leloudas do Instituto de Ciências Weizmann, Israel, e do Centro de Cosmologia Escura, Dinamarca, fez agora observações adicionais da galáxia distante — situada a cerca de 4 bilhões de anos-luz de distância da Terra — onde a explosão ocorreu, tendo proposto uma nova explicação para este evento extraordinário.

Observamos esta fonte luminosa durante os 10 meses que se seguiram ao evento e concluímos que a explicação deste fenômeno não se encontra, muito provavelmente, numa supernova extraordinariamente brilhante. Os nosso resultados indicam que o evento foi provavelmente causado por um buraco negro em rotação rápida quando destruiu uma estrela de pequena massa,” explica Leloudas.

Este cenário indica que as forças gravitacionais extremas de um buraco negro supermassivo, situado no centro da galáxia hospedeira, despedaçaram uma estrela do tipo do Sol que se aproximou demais dele — num evento chamado perturbação por forças de maré, um fenômeno que só foi observado cerca de 10 vezes até agora. No processo a estrela foi “espaguetificada” e choques nos restos em colisão assim como calor gerado pela acreção deram origem à explosão luminosa. Este fato fez com que o evento se parecesse com uma explosão de supernova muito brilhante, apesar desta estrela nunca se ir transformar, de qualquer modo, numa supernova, já que não tinha massa suficiente para terminar a sua vida dessa maneira.

A equipe baseou as novas conclusões em observações obtidas por uma quantidade de telescópios, instalados tanto no solo como no espaço. Entre eles encontra-se o Very Large Telescope (VLT) instalado no Observatório do Paranal do ESO, o New Techonology Telescope (NTT) instalado no Observatório de La Silla do ESO e o Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA [1]. As observações obtidas com o NTT foram executadas no âmbito do rastreio PESSTO (Public ESO Spectroscopic Survey of Transient Objects).

Há vários aspetos independentes nas observações que sugerem que este evento foi de fato originado por uma perturbação por forças de maré e não por uma supernova superluminosa,” explica o co-autor do trabalho Morgan Fraser da Universidade de Cambridge, Reino Unido (agora na University College Dublin, Irlanda).

Em particular, os dados revelaram que o evento passou por três fases distintas ao longo dos 10 meses que duraram as observações de acompanhamento. Os dados de modo geral parecem-se muito mais com o que se espera de uma perturbação de maré do que de uma supernova superluminosa. Um aumento do brilho na radiação ultravioleta assim como um aumento na temperatura reduzem ainda mais a probabilidade de um evento de supernova. Adicionalmente, a localização do evento — numa galáxia vermelha, massiva e bastante passiva — não é a normal para explosões de supernovas superluminosas, as quais ocorrem geralmente em galáxias anãs azuis que apresentam formação estelar intensa. 

Apesar da equipe achar que uma supernova é algo muito improvável para explicar este evento, uma perturbação de maré também não explica de modo adequado o fenômeno observado. Nicholas Stone, membro da equipe da Columbia University, EUA, explica: “O evento de perturbação de maré que propomos não pode ser explicado por um buraco negro supermassivo que não esteja em rotação. Por isso pensamos que o ASASSN-15lh se tratou de um evento de perturbação de maré com origem num tipo muito particular de buraco negro.”

A massa da galáxia hospedeira indica-nos que o buraco negro no seu centro tem pelo menos 100 milhões de vezes a massa do Sol. Um buraco negro com esta massa é normalmente incapaz de despedaçar estrelas situadas além do seu horizonte de eventos — a fronteira a partir da qual já nada pode escapar à atração gravitacional do objeto. No entanto, se o buraco negro apresentar uma rotação rápida — o chamado buraco negro de Kerr — a situação muda e este limite já não se aplica.

Mesmo com todos os dados coletados não podemos ter uma certeza de 100% que o evento ASASSN-15lh se tratou de uma perturbação de maré,” conclui Leloudas. “No entanto, esta é de longe a explicação mais plausível.”

Notas

[1] Além de dados do Very Large Telescope do ESO, do New Technology Telescope do ESO e do Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA, a equipe utilizou também observações obtidas pelo Telescópio Swift da NASA, pelo Las Cumbres Observatory Global Telescope (LCOGT), pelo Australia Telescope Compact Array, pelo XMM-Newton da ESA, pelo Wide-Field Spectrograph (WiFeS) e pelo Magellan Telescope.

Mais Informações

Este trabalho foi descrito no artigo científico intitulado “The Superluminous Transient ASASSN-15lh as a Tidal Disruption Event from a Kerr Black Hole”, de G. Leloudas et al., que será publicado na revista Nature Astronomy.

A equipe é composta por  G. Leloudas (Instituto de Ciências Weizmann, Rehovot, Israel; Instituto Niels Bohr, Copenhaga, Dinamarca), M. Fraser (University of Cambridge, Cambridge, RU), N. C. Stone (Columbia University, New York, EUA), S. van Velzen (The Johns Hopkins University, Baltimore, EUA), P. G. Jonker (Instituto Holandês de Investigação Espacial, Utrecht, Holanda; Universidade Radboud de Nijmegen, Nijmegen, Holanda), I. Arcavi (Las Cumbres Observatory Global Telescope Network, Goleta, EUA; University of California, Santa Barbara, EUA), C. Fremling (Universidade de Estocolmo, Estocolmo, Suécia), J. R. Maund (University of Sheffield, Sheffield, RU), S. J. Smartt (Queen’s University Belfast, Belfast, RU), T. Krühler (Max-Planck-Institut für extraterrestrische Physik, Garching b. München, Alemanha), J. C. A. Miller-Jones (ICRAR - Curtin University, Perth, Austrália), P. M. Vreeswijk (Instituto de Ciências Weizmann, Rehovot, Israel), A. Gal-Yam (Instituto de Ciências Weizmann, Rehovot, Israel), P. A. Mazzali (Liverpool John Moores University, Liverpool, RU; Max-Planck-Institut für Astrophysik, Garching b. München, Alemanha), A. De Cia (Observatório Europeu do Sul, Garching b. München, Alemanha), D. A. Howell (Las Cumbres Observatory Global Telescope Network, Goleta, EUA; University of California Santa Barbara, Santa Barbara, EUA), C. Inserra (Queen’s University Belfast, Belfast, RU), F. Patat (Observatório Europeu do Sul, Garching b. München, Alemanha), A. de Ugarte Postigo (Instituto de Astrofisica de Andalucia, Granada, Espanha; Instituto Niels Bohr, Copenhaga, Dinamarca), O. Yaron (Instituto de Ciências Weizmann, Rehovot, Israel), C. Ashall (Liverpool John Moores University, Liverpool, RU), I. Bar (Instituto de Ciências Weizmann, Rehovot, Israel), H. Campbell (University of Cambridge, Cambridge, RU; University of Surrey, Guildford, RU), T.-W. Chen (Max-Planck-Institut für extraterrestrische Physik, Garching b. München, Alemanha), M. Childress (University of Southampton, Southampton, RU), N. Elias-Rosa (Osservatoria Astronomico di Padova, Padova, Itália), J. Harmanen (Universidade de Turku, Piikkiö, Finlândia), G. Hosseinzadeh (Las Cumbres Observatory Global Telescope Network, Goleta, EUA; University of California Santa Barbara, Santa Barbara, EUA), J. Johansson (Instituto de Ciências Weizmann, Rehovot, Israel), T. Kangas (Universidade de Turku, Piikkiö, Finlândia), E. Kankare (Queen’s University Belfast, Belfast, RU), S. Kim (Pontificia Universidad Católica de Chile, Santiago, Chile), H. Kuncarayakti (Millennium Institute of Astrophysics, Santiago, Chile; Universidad de Chile, Santiago, Chile), J. Lyman (University of Warwick, Coventry, RU), M. R. Magee (Queen’s University Belfast, Belfast, RU), K. Maguire (Queen’s University Belfast, Belfast, RU), D. Malesani (Universidade de Copenhaga, Copenhaga, Dinamarca; DTU Space, Dinamarca), S. Mattila (Universidade de Turku, Piikkiö, Finlândia; Centro Finlandês de Astronomia com o ESO (FINCA), Universidade de Turku, Piikkiö, Finlândia; University of Cambridge, Cambridge, RU), C. V. McCully (Las Cumbres Observatory Global Telescope Network, Goleta, EUA; University of California Santa Barbara, Santa Barbara, EUA), M. Nicholl (Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, Cambridge, Massachusetts, EUA), S. Prentice (Liverpool John Moores University, Liverpool, RU), C. Romero-Cañizales (Pontificia Universidad Católica de Chile, Santiago, Chile; Millennium Institute of Astrophysics, Santiago, Chile), S. Schulze (Pontificia Universidad Católica de Chile, Santiago, Chile; Millennium Institute of Astrophysics, Santiago, Chile), K. W. Smith (Queen’s University Belfast, Belfast, RU), J. Sollerman (Universidade de Estocolmo, Estocolmo, Suécia), M. Sullivan (University of Southampton, Southampton, RU), B. E. Tucker (Australian National University, Canberra, Austrália; ARC Centre of Excellence for All-sky Astrophysics (CAASTRO), Austrália), S. Valenti (University of California, Davis, EUA), J. C. Wheeler (University of Texas at Austin, Austin, EUA) e D. R. Young (Queen’s University Belfast, Belfast, RU).

O ESO é a mais importante organização europeia intergovernamental para a investigação em astronomia e é de longe o observatório astronômico mais produtivo do mundo. O ESO é financiado por 16 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça, assim como pelo Chile, o país de acolhimento. O ESO destaca-se por levar a cabo um programa de trabalhos ambicioso, focado na concepção, construção e operação de observatórios astronômicos terrestres de ponta, que possibilitam aos astrônomos importantes descobertas científicas. O ESO também tem um papel importante na promoção e organização de cooperação na investigação astronômica. O ESO mantém em funcionamento três observatórios de ponta no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor. No Paranal, o ESO opera  o Very Large Telescope, o observatório astronômico ótico mais avançado do mundo e dois telescópios de rastreio. O VISTA, o maior telescópio de rastreio do mundo que trabalha no infravermelho e o VLT Survey Telescope, o maior telescópio concebido exclusivamente para mapear os céus no visível. O ESO é um parceiro principal no ALMA, o maior projeto astronômico que existe atualmente. E no Cerro Armazones, próximo do Paranal, o ESO está a construir o European Extremely Large Telescope (E-ELT) de 39 metros, que será “o maior olho do mundo virado para o céu”.

Links

Contatos

Gustavo Rojas
Universidade Federal de São Carlos
São Carlos, Brazil
Tel.: +551633519797
e-mail: grojas@ufscar.br
Giorgos Leloudas
Niels Bohr Institute, University of Copenhagen
Copenhagen, Denmark
Tel.: +972 89346511
e-mail: giorgos@dark-cosmology.dk
Richard Hook
ESO Public Information Officer
Garching bei München, Germany
Tel.: +49 89 3200 6655
Cel.: +49 151 1537 3591
e-mail: rhook@eso.org
Este texto é a tradução da Nota de Imprensa do ESO eso1644, cortesia do ESON, uma rede de pessoas nos Países Membros do ESO, que servem como pontos de contato local para a imprensa. O representante brasileiro é Gustavo Rojas, da Universidade Federal de São Carlos. A nota de imprensa foi traduzida por Margarida Serote (Portugal) e adaptada para o português brasileiro por Gustavo Rojas.